Site criado por historiador usando informações de acadêmicos e professores mostrando que a história de Jesus pode ter mudado ao longo dos primeiros séculos e sofrido influência de lendas e milagres associados a imperadores, deuses etc., como Atis, Mitra, Hermes, Dionísio, Hórus etc. e ensinamentos de filósofos gregos.
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Engenharia reversa é um termo que significa desmontar algo criado ou inventado por pessoas para compreender a invenção. É o que tenta-se fazer aqui em relação aos textos cristãos. Milagres, ensinamentos, atribuições são dissecados, analisados minuciosamente e individualmente, para tentar encontrar a origem, ou seja, de onde a passagem foi copiada ou adaptada. Você verá que algumas parábolas de Jesus existiam 500 anos antes entre filósofos gregos como Pitágoras, Platão e Sócrates. E que o esqueleto da história bíblica de Jesus é o praticamente idêntico ao esqueleto da história mitológica do lendário fundador de Roma, Rômulo, criada pelos romanos séculos antes. Verá que alguns conceitos ensinados por Cristo já eram divulgados antes em cultos de mistério (sociedades secretas) no Mediterrâneo. E que tal ler o milagre original lendário, grego, egípcio ou romano, que serviu como "inspiração" para um milagre bíblico de Cristo?
De acordo com o Evangelho de João, Jesus disse que "a verdade liberta". De acordo com Atos dos Apóstolos 4, João e Pedro eram analfabetos (agrammatoi, em grego, ou seja, sem escola). Em uma pergunta, qual liberdade você prefere? A de João analfabeto que se espalhou convertendo analfabetos no Império Romano ou na que é baseada em conhecimento, fatos e fontes existentes, que você pode ler e constatar, ainda hoje?
Além de apresentar informações verdadeiras, coletadas por pessoas sérias, como acadêmicos renomados mundialmente, através de artigos científicos, livros e estudos de autores e professores universitários das universidades mais renomadas do mundo, o objetivo deste site é fazer Jesus Cristo finalmente descer e se libertar de sua cruz, fazendo assim com que você liberte-se completamente de uma mentira de dois mil anos. Se a verdade liberta, vamos encontrá-la, mesmo que para isso seja preciso desvendar uma grande mentira antiga.
A proposta deste site é divulgar informações coletadas ao longo dos últimos séculos por acadêmicos e professores universitários que têm passado despercebidas e indicam que o Jesus bíblico não existiu da mesma forma como os evangelhos e as igrejas ensinam. É um fato que Jesus existiu, os acadêmicos concordam, mas a sua vida teria sido outra, possivelmente a de um ativista político, ou um líder engajado em libertar os judeus da tirania romana. Mas os milagres, ensinamentos e a história atribuídos a Jesus, como filho e enviado de Deus ou Messias, teriam sido forjados pelos primeiros religiosos com, provavelmente, como a pesquisa indica, os dedos do Império Romano por trás.
Como consequência, se levarmos em conta que ninguém morreu na cruz para salvá-lo de absolutamente nada, ninguém deve se sentir em dívida com absolutamente ninguém nem nada, nem com a Igreja cristã, nem com nenhuma pessoa poderosa considerada divina ou não, mas deve viver livre e feliz, porque é esse o objetivo real da vida que está por trás de cada dia de nossas vidas. Sim, você, eu e qualquer um pode ser uma pessoa boa, sem precisar de modelos ou arquétipos falsos e hipócritas forjados que nunca existiram realmente. A proposta deste site/blog é simples. Tentar encontrar e apresentar a verdade que tem sido escondida de todos nós há dois mil anos por um grupo de manipuladores interessados em dinheiro e poder. Não há aqui interesse religioso em manipular ninguém nem financeiro.
As informações postadas aqui são encontradas em fontes antigas valiosas e aqui são gratuitas, algumas das quais foram traduzidas pela primeira vez para a língua portuguesa e algumas comparações que são fruto de uma análise inovadora. E ninguém aqui precisa pagar 10%, nem pagar por um curso, nem este site foi criado com o objetivo oculto de vender um livro ou qualquer coisa. O único objetivo real dele é transmitir informações históricas comprovadas gratuitamente, enquanto for viável.
O cristianismo nasceu de uma trama maquiavélica romana, cuja história contida nos Evangelhos teria sido forjada em nome de dinheiro, poder e controle social da população, para reduzir revoltas, centralizar o capital religioso e facilitar o pagamento de impostos? Ou os ensinamentos e milagres foram adicionados ao longo das décadas por seguidores de Cristo aos manuscritos, assim como milagres foram atribuídos por analfabetos a Antônio Conselheiro, no nordeste brasileiro, no fim do século XIX?
Depois da redescoberta do Egito, nos séculos XVIII e XIX, além de ladrões de túmulos, grandes falsificações de peças antigas egípcias pipocaram no Egito. Essas peças eram fabricadas na maioria das vezes na Europa, para enganar turistas e colecionadores, e eram falsificações perfeitas. Até mesmo alguns dos melhores especialistas da época se enganaram, mas como falsas, não possuem valor. Os Evangelhos são histórias belíssimas, mas quem os escreveu é como um falsificador de obra de arte. E peças que não são autênticas não possuem valor. Qualquer pessoa que aceita escritos antigos do passado cegamente como autênticos ou falsificações do Egito como autênticas, por desconhecer certos detalhes, comprando-as ou aceitando-as como autênticas, atribui a elas um valor que elas não têm, por mais lindas que sejam. Isso é certamente um erro. Não é possível julgar ou prender quem forjou essas obras no passado, mas é seu dever e obrigação conhecer a verdade lendo e impedindo de ser enganado. Alguns ensinamentos cristãos são realmente lindos, mas sua origem é puramente humana. E todos os milagres usados para embelezar a autoridade divina e seus ensinamentos passados como divinos foram forjados por pessoas cultas, que sabiam escrever bem em grego e latim, e manipular e impressionar, diferente dos supostos seguidores de Cristo que teriam sido pessoas simples e, caso tenham existido, viviam em um local com índice de analfabetismo de 95% na época, conforme acadêmicos reconhecem. Assim, a probablidade matemática de 4 seguidores diretos de Jesus terem escrito Evangelhos é de aproximadamente 0,000406525%. De fato, hoje os acadêmicos afirmam que os nomes João, Mateus, Lucas e Marcos foram atribuídos aos Evangelhos por volta do ano 150.
Uma grande quantidade de ideias, alegações, suposições, hipóteses sobre cópia de trechos dos Evangelhos de lendas associadas a deuses e filósofos ou textos mais antigos que tentam demonstrar que a história bíblica de Jesus não é original é apresentada neste site. O filósofo Celso no século II foi um dos primeiros críticos que escreveu sobre essa cópia de ideias e conceitos. Seria possível chegar perto de uma prova da não existência do Jesus bíblico? Antes que você feche os olhos ou mude para um outro site, como as pessoas que não olham para o que não querem ver, saiba que neste site você encontrará a verdade da máxima de Sófocles: “O tempo, que vê tudo e ouve tudo, revela tudo”.
O modelo comparativo apresentado em seguida se baseia em um modelo relacionado a histórias de salvação antigas, publicado originalmente em 1934 pelo antropólogo e escritor Richard Fitzroy, o Barão Raglan, que o criou a partir de várias histórias de salvação europeias que existiam na Antiguidade, baseando-se especialmente no estudo comparativo introduzido em 1909 em Der Mythus von der Geburt des Helden (O Mito do Nascimento do Heroi) por Otto Rank, psicanalista austríaco que trabalhou junto a Freud desde 1905. Eu me baseei nos padrões propostos por Rank e Raglan, adaptando o modelo genérico deles para um específico que compara os mitos latinos de Cristo e de Rômulo, o lendário fundador de Roma, onde enormes semelhanças podem ser clara e facilmente percebidas. Eu chamo aqui este modelo de modelo comparativo Rômulo-Jesus romano. Esses são os elementos em comum dessas duas histórias:
1. O nascimento futuro do herói é anunciado profeticamente em profecias ou oráculos. Ele é anunciado como um futuro rei. (Rômulo e Jesus) No caso de Jesus, os criadores da história se aproveitaram da expectativa messiânica hebraica que já existia.
2. A mãe do herói ou filho de deus é uma mulher simples e virgem. (Rômulo e Jesus)
3. O pai do herói é um deus. (Jesus, filho de deus; Rômulo, filho do deus Marte)
4. Há uma concepção imaculada, ou seja, sem contato sexual. Essa concepção imaculada do herói ocorre em uma circunstância incomum (Rômulo e Jesus) com algumas pessoas próximas ou envolvidas não desejando o nascimento por um tempo.
5. Apesar do herói ser filho de deus, além do pai e da mãe, há a presença de um terceiro elemento não humano (que não é um deus, é um espírito). Esse terceiro elemento intermediário entre o deus homem e a mulher humana se faz necessário devido à antiga crença greco-romana que surgiu há pouco mais de dois mil anos que ensinava que um deus era puro demais para ter relações sexuais carnais com uma pessoa humana, necessitando portanto de um elemento intermediário espiritual. Observe que a crença não é hebraica, é greco-romana. Na época (até aproximadamente o ano 200) os judeus acreditavam no livro de Enoch (etíope), que contava que os anjos desceram à Terra e tiveram relações sexuais com mulheres humanas (diretamente, sem intermediários). O nascimento do herói através de uma relação entre uma escrava e de um espírito em forma de falo também se encontra associado ao nascimento de Sérvio Túlio, lendário sexto rei de Roma, portanto a lenda do espírito que tem relação sexual com a mulher humana estava bem solidificada há séculos entre os romanos. (Rômulo e Jesus)
6. Com receio do cumprimento das profecias que anunciam um novo rei e líder, um rei atual teme perder o trono e, por isso, não é favorável ao nascimento da criança. (Rômulo e Jesus)
7. Não apenas o rei se incomoda com as profecias e passa a ser desfavorável ao nascimento da criança anunciada, mas o rei tentará impedir o nascimento da criança e/ou tentará matá-la. (Rômulo e Jesus)
8. Apesar da tentativa de assassinato do rei, a criança consegue escapar e sobreviver. (Rômulo e Jesus)
9. Devido à necessidade de fugir do rei para sobreviver, apesar da sua origem divina, o nascimento do filho de deus é simples, pobre e isolado. (Rômulo e Jesus)
10. Há a presença de animais em seus primeiros dias de vida e ausência de parentes como tios, primos etc. (Rômulo e Jesus)
11. Não se sabe praticamente nada sobre a infância do herói, apenas que foi simples, apesar da importância e origem divina da criança, o que associa ao herói uma grande humildade, apesar da divindade. (Rômulo e Jesus)
12. Quando adulto, o herói consegue uma vitória importante através de uma luta ou embate. Em outras histórias de salvação, ela pode ser uma vitória contra um rei inimigo, um gigante, um dragão, uma besta selvagem, um demônio etc. (No caso de Rômulo, ele vence o irmão Remo, também semideus e assim como ele filho do deus Marte, se tornando rei de Roma. Uma lenda contava que Rômulo teria colocado o corpo do semideus Remo nos muros na cidade de Roma e por essa razão, Roma seria invencível, já que os romanos acreditavam que se uma pessoa mata um semideus, a pessoa adquire o poder do semideus. (Observe que a mesma ideia romana está presente na morte de Jesus, pois foram os romanos que crucificaram o filho de Deus.) No caso de Jesus, após ele ter sido tentado pelo demônio no deserto, supera as tentações demoníacas através de um jejum impossível de 40 dias, vencendo assim o demônio.)
13. O herói fará certas ações que o levarão a ser reconhecido como rei. (Rômulo, rei de Roma e Jesus, rei dos judeus, que alguns judeus recusaram)
14. Durante algum tempo o herói prescreve leis e/ou ensinamentos com tal sabedoria que são considerados divinos. Esse elemento está muito comum também em vidas de outras pessoas, lendárias ou não. Por exemplo, Cícero escreveu que o filósofo Sócrates fez descer do céu a filosofia. Já Hermes teria trazido a escrita dos céus na forma de hieroglifos para os egípcios. (Rômulo e Jesus).
15. Após anos com apoio popular, em um determinado momento, o herói perde o apoio popular ou de seus discípulos. (Depois de traído por Judas e negado por Pedro, o povo judeu pediu a morte de Jesus, que o romano Pôncio Pilatos, historicamente duro com os judeus, muito bondosamente e quase contra a vontade de acordo com os evangelhos, atendeu. Uma lenda conta que Rômulo foi morto pelo próprio povo por insatisfação popular, lenda presente em Antiguidades Romanas, livro 2)
16. O herói morre, pode ter sido assassinado devido à vontade popular, mas ao morrer ocorrem fenômenos celestes, como um eclipse, escurecimento do céu etc. (Rômulo e Jesus, Rômulo em Antiguidades Romanas, livro 2)
17. O corpo do herói não é enterrado. (Rômulo e Jesus)
18. O corpo do herói desaparece. Temos aqui a influência de uma outra crença greco-romana antiga, que ensinava que quando uma pessoa desaparecia e o seu corpo não era encontrado, era porque os deuses o tinham levado. Contudo, essa crença não é exclusivamente greco-romana, é também hebraica, já que Enoch e Elias desapareceram porque Deus os levou. (Rômulo e Jesus)
19. Após sua morte, o herói reaparece e conversa com vivos que conhecia, como se estivesse vivo e não tivesse morrido devido ao seu caráter divino e eterno, e explica que seu trabalho foi concluído na Terra e em breve ascenderá aos céus. (Rômulo em História de Roma, de Tito Lívio e em Antiguidades Romanas, livro 2 e Jesus. De acordo com Atos dos Apóstolos, após morto, Jesus permaneceu 40 dias com os discípulos.)
20. Após sua morte, ao conversar com alguém vivo, o herói exorta o ouvinte a espalhar uma determinada afirmação ou ensinamento para todos. (Rômulo em História de Roma, de Tito Lívio, e Jesus)
21. Há a ascensão aos céus. (Rômulo e Jesus)
22. Rômulo passa a ser lembrado como Filho de Deus, mas com outro nome, Quirino. Jesus passa a ser lembrado como Filho de Deus, mas adquire outro nome, Cristo. (Rômulo em História de Roma, de Tito Lívio e Jesus).
23. No caso específico de Jesus e Rômulo, o herói é lembrado nos séculos seguintes como um homem barbudo e com cabelo comprido. Em algumas representações há uma coroa de origem vegetal na cabeça. Cristo tem uma coroa de espinhos e Rômulo uma coroa que parece ser de louro. (Rômulo e Jesus)
Historicamente, desde o início do cristianismo, críticos cristãos alegaram que outras histórias copiavam a história dos Evangelhos de Cristo em relação às semelhanças (no nascimento, em milagres, na morte etc.) entre um deus ou semideus antigo e Jesus. O debate entre Celso e Origines registrado em Contra Celsum é o exemplo mais antigo preservado, apesar do original de Celso ter sido destruído ou perdido. No caso do modelo comparativo acima, todos esses elementos de Rômulo supracitados se encontram em Vida Paralelas (Bíoi Parállēloi) de Plutarco, Antiguidades Romanas (Rhōmaïkḕ Arkhaiología) de Dionísio de Halicarnasso e História de Roma (Ab Urbe Condita), de Tito Lívio. Essas obras e/ou suas fontes serão analisadas aqui rapidamente em relação à datação. Em relação à autenticidade, as obras que servem como base para as lendas de Rômulo são todas consideradas autênticas, diferente dos Evangelhos, que servem como base para a história de Jesus, que não são autênticos, ou seja, não foram escritos por Marcos, João, Mateus e Lucas, conforme acadêmicos confirmam.
Plutarco viveu entre os anos 46 e 119. Contudo, não deixou de citar as fontes que usou para apresentar as suas lendas sobre Rômulo, que foram:
1. Promathion em História da Itália. Aqui devo abrir um parêntese. De acordo com Emilio Gabba em Roma arcaica: storia e storiografia, publicado por Edizioni di Storia e Letteratura, em 2000, Roma, página 34, Promathion é identificado por S. Mazzarino (em Il pensiero storico classico e Studi romani), principal historiador italiano do século XX sobre Roma antiga, como Promathos Samio, citado por Aristóteles. Sendo assim, de acordo com os especialistas, esta obra teria sido escrita no século V ou VI a.C. Os elementos do mito de Rômulo de Promathos Samio são os que mais se parecem com os elementos centrais que formam o esqueleto da história bíblica de Jesus, exceto pelos milagres e ensinamentos, que possuem outras origens. De acordo com E. Gabba, a versão de Promathion "provém de ambientes etruscos". Sabe-se contudo, que os gregos influenciaram culturalmente os etruscos antes de terem influenciado os romanos. A datação da obra de Promathion é debatida pelos principais acadêmicos especialistas no assunto, mas é sempre anterior a Cristo;
2. Quinto Fábio Pictor (séc. III a.C.). Historiador romano que influenciou vários escritores antigos. A obra dele que contém a lenda de Rômulo, História de Roma, foi escrita entre 215 e 200 a.C.;
3. Diócles de Pepareto (séc IV-III a.C.). Historiador grego. Suas histórias eram conhecidas por Quinto Fábio Pictor.
Consultei Vidas Paralelas, de Plutarco, em várias línguas e traduções, inclusive em latim, e minhas afirmações estão de acordo com o texto latino (já que há leves variações nas traduções). Podemos observar que as três fontes citadas por Plutarco são bem mais antigas do que o cristianismo.
Em relação a Antiguidades Romanas, outra obra que usei para criar o modelo comparativo acima, sabe-se que o autor Dionísio de Halicarnasso nasceu em 60 a.C. e faleceu por volta do ano 5 a.C.: ela foi escrita portanto no século I a.C. O autor de Antiguidades Romanas também cita as fontes que usou para construir o seu mito, que são:
1. Fabius (o mesmo Quinto Fábio Pictor, 254-201 a.C.). Historiador romano;
2. Lucius Cincus (200 a.C.). Lucius Cincus Alimentus foi Senador romano em aproximadamente 220 a.C.;
3. Marcus Porcius Cato (234-149 a.C.). Em português é mais conhecido como Catão, o Velhão. Foi um senador e historiador romano;
4. Gaius Piso (180 a.C.), Cônsul romano. Em português, é mais conhecido como Caio Calpúrnio Pisão. Houve vários políticos chamados assim. O mais conhecido foi um senador romano que faleceu no ano 65, mas trata-se de um cônsul que viveu por volta do ano 180 a.C.
A obra História de Roma (Ab urbe condita) foi escrita entre os anos 27 a.C. e 9 a.C. pelo historiador romano Tito Lívio, portanto, também é mais antiga que o cristianismo. Particularmente curiosa, é uma passagem semelhante a uma passagem que ocorre após a morte de Cristo quando ele exorta seus seguidores a converter o mundo, Tito Lívio apresentou a seguinte passagem sobre um acontecimento que teria ocorrido após a morte de Rômulo (História de Roma 1, 16):
"Romanos, o Pai da Cidade, Rômulo, desceu repentinamente do céu de madrugada nesta manhã e apareceu para mim. Totalmente confuso, eu me pus de pé reverentemente diante dele…. 'Vá', ele disse, 'e declare à capital do mundo; de forma que estimem a arte da guerra, e deixe-os saber e ensine às crianças que nenhuma força humana pode resistir ao exército romano'. Então ao falar isso… Rômulo subiu para os céus."
Tito Lívio conta também que o Rômulo endeusado na forma de Quirino era mais aceito pelos pobres (supomos analfabetos) do que pela nobreza (supomos culta), mas acima de tudo ele era um ídolo dos seus soldados.
Assim, os líderes romanos manipularam o povo pedindo que lutassem e fizessem guerras quando o momento era apropriado, no início da formação de Roma. E assim Roma cresceu. E quando Roma se tornou um império, subjugando vários povos, os ensinamentos divinos precisavam mudar e o novo "filho de deus" da "boa nova" passou a ensinar que o escravo devia aceitar o seu senhor, que o judeu devia pagar impostos aos romanos e que as pessoas não deviam se revoltar e deviam ser pacíficas.
Políticos e historiadores como fontes... uma combinação perigosa que pode dar origem a histórias manipuladoras e duradouras como, inclusive, continuam a ser criadas, sem entrar em detalhes nesse aspecto. Enfim, as semelhanças entre os esqueletos das duas histórias são gigantescas, mas a história original ou mais antiga é a de Rômulo, como se pode perceber, pela antiguidade das fontes, pois o mito do corpus romuloniano, desenvolvido ao longo dos séculos, estava estabelecido séculos antes de Cristo. Associado ao contexto da época antiga em relação à falsificação de histórias sobre deuses e semideuses no mundo greco-romano, o modelo comparativo Rômulo-Jesus romano apresentado acima, ao lado da citação das fontes usadas, me parecem se constituir em uma prova legítima e irrefutável sobre a antiguidade superior do mito de Rômulo e indica a (pelo menos provável, se não óbvia) origem latina de Cristo, cujas sementes se encontram na Península Itálica há cerca de 2500 anos, misturando elementos gregos com etruscos com uma boa pitada de sal romano.
Ao ver essas várias semelhanças entre os esqueletos das histórias lendárias de Rômulo e Jesus, devemos compreender que a Roma antiga reunia condições propícias à criação de novos deuses - como no caso de Antínoo, criado pelo Imperador Adriano no século II, ou Apolônio de Tiana, filho de deus forjado com milagres semelhantes a Jesus, cuja história foi inventada no início do século III a pedido e pagamento da imperatriz romana Julia Domna - em parte devido à facilidade na época de forjar manuscritos, criando deuses atribuindo textos a pessoas que viveram no passado, em combinação com o poder altamente concentrado na mão do imperador que permitia divulgar uma história criada com imaginação como verdade absoluta. Podemos identificar também um histórico de criação de deuses e filhos de deuses não somente no mundo greco-romano, mas no antigo Egito e em outras civilizações antigas, como os relatos mostram, para controle social, político e financeiro.
Séculos antes de Cristo, em Roma, a lenda de Rômulo tinha sido criada, com uma história que o transformava no deus Quirino após sua morte e ascensão, e ele havia se transformado em um dos deuses mais amados em Roma pelas massas analfabetas. A elite romana e os imperadores romanos perceberam tudo isso. Os relatos de historiadores da época mostram que os judeus não aceitavam os deuses romanos e tinham dificuldade para aceitar o domínio romano, se revoltando com frequência. O que poderia aplacar a ira do povo judeu contra os romanos? Algo que já tinha sido usado em Roma pelos líderes romanos para manipulação da população romana, ora impulsionando-os para a guerra contra outros povos, ora os tornando mais civilizados e reduzindo revoltas internas. Os romanos forjaram a história de um Filho de Deus judeu. Provavelmente usada inicialmente na Judeia, já que existem relatos do século II que os cristãos não lutavam contra os romanos em guerras, apesar de causarem conflitos civis em Roma no século I (essa questão sugere uma alteração nos ensinamentos cristãos entre o século I e II) em um determinado momento perceberam que poderia ser interessante usá-la em todo o Império romano.
Obviamente sempre haverá pessoas que sustentarão mentiras por interesses financeiros e religiosos ou por simples desconhecimento de detalhes como esses. Talvez, um dia, a "boa nova" seja vista como mais uma velha fake news. A história da vida de Cristo levou séculos para se solidificar como verdade absoluta. Certamente, levará séculos para ser desconstruída e ser vista como uma mentira elaborada. Em sua Sobre a Natureza dos Deuses, De Natura Deorum, livro III, 15, 39, (escrito em 45 a.C., traduzido de Sulla Natura degli Dei, Classici Greci e Latini, Milão, Oscar Mondadori, 1967) Cícero fala dos seres humanos que foram endeusados em vários lugares, como "Alabando para os Alabandos, Tenedo para os Tenedos, Leucoteia, anteriormente chamada Ino (esposa de Atamente) em toda a Grécia, e o filho Palemão, sem falar em Hércules, Asclépio, os filhos de Tindareu, o nosso Rômulo e muitos outros que foram recebidos nos céus". Mas como dizia o mesmo Cícero, Male parta male dilabuntur, ou seja: o que começa mal acaba mal.
Para os que pensam ser improvável a ideia de Jesus ter origem romana, há mais um fato a adicionar: diferente do que é ensinado pela Igreja, o Evangelho de Marcos, o mais antigo dos evangelhos, que influenciou os textos de Lucas e Mateus, foi redigido em latim e em Roma, como vários acadêmicos cristãos do mundo reconhecem atualmente, até porque os manuscritos em grego mais antigos do Evangelho de Marcos declaram no início que foram mesmo traduzidos de um texto em latim. E assim como os principais acadêmicos atuais especializados no assunto, cristãos antigos já afirmavam a origem latina deste Evangelho. Enfim, não resta dúvida quanto à origem latina do Evangelho atribuído a Marcos, o mais antigo dos evangelhos, escrito por volta do ano 70 ou posteriormente.
A história de Cristo é linda, é uma obra-prima. Os evangelhos em que ela se baseiam foram bem escritos em grego, exceto o de Marcos. Mas o que tudo isso aqui mostra é que ela foi construída ao longo dos séculos e por trás dessa construção havia uma instituição poderosa e secular, que era o império romano, com seus interesses políticos, financeiros, sociais e religiosos. Ela não reflete a vida histórica de um homem que viveu durante poucas décadas. Trata-se de uma mentira imposta pelos poderosos aos mais humildes, simples e ignorantes. Os dois seres divinos criados em Roma, Rômulo e Jesus, atendiam aos interesses da elite e dos líderes romanos de forma diferente. Politicamente e socialmente, o deus Rômulo criado pelos líderes romanos ensinava os romanos a lutar, a fazer a guerra e a defender Roma, enquanto que em outros momentos em Roma se criaram deuses para tornar o povo menos violento dentro de Roma, como relatos antigos demonstram em Prodigiorum Liber ou ou em Ab urbe condita do próprio Tito Lívio, por exemplo, como os trechos que traduzi, incluídos em alguns artigos do blog. Já o filho de deus judeu criado pelos líderes romanos era pacífico, aceitava a violência e ensinava a pagar impostos ao imperador romano em uma época em que os judeus se revoltavam contra a presença romana, mas a ideia do deus pacifista seria espalhada por todo o Império para convencer todos os povos. Financeiramente, em poucas palavras, os riquíssimos centros oraculares de cura gregos se transformaram ao longo dos séculos em centros de curas de santos e da Virgem Maria espalhados pelo Império Romano. O enorme fluxo de ouro que se destinava aos oráculos proféticos passou a se destinar para a Igreja centralizada em Roma. No final da Idade Média, a Igreja de Roma havia se transformado na instituição mais rica do planeta, com aproximadamente metade das terras de toda Europa. Apesar disso não ser mais exatamente assim, na Itália, os italianos ainda dizem que metade da cidade de Roma é do Vaticano e em várias cidades do mundo, inclusive no Brasil, a Igreja Católica possui terrenos e imóveis recebidos por doação. O plano romano foi muito bem sucedido. O império romano acabou, mas enterrou no fundo uma semente, que com o passar dos séculos deu frutos e enriqueceu Roma e o Vaticano.
Obs.: Após a publicação deste artigo no blog, um leitor me escreveu e afirmou que as minhas palavras sobre a origem latina do Evangelho de Marcos são falsas. Conforme respondi ao leitor, as minhas referências são, entre outras, vários acadêmicos reconhecidos mundialmente. Mas não é só isso: na Antiguidade, cristãos importantes (como Efrém da Síria, declarado doutor da Igreja pelo Papa em 1920, Gregório de Nazianzo, Patriarca de Constantinopla, ambos no século IV e o renomado São Jerônimo no século V, também doutor da Igreja Católica, que escreveu: "Marcos escreveu um pequeno Evangelho a pedidos de seus irmãos em Roma" cuja afirmação se encontra dentro da Enciclopédia Católica para quem duvidar) já afirmavam o mesmo. Além disso, alguns manuscritos da bíblia siríaca Peschitta (do século V) continham no fim do Evangelho de Marcos as seguintes palavras: "este é o fim do Santo Evangelho pregado por Marcos, que o pregou em latim em Roma" e os próprios manuscritos em grego antigos do Evangelho de Marcos afirmavam no início do texto que tinham sido traduzidos de um original em latim, que tinha sido escrito em Roma. Além dessas várias razões que parecem ser mais do que suficientes para provar a origem latina de Marcos, o nome Marcos foi um nome atribuído ao texto décadas mais tarde de ter sido escrito. Existem também artigos acadêmicos (como os escritos por F. C. Burkitt, Paul-Louis Couchoud etc.) publicados por especialistas no século XX que indicam a origem latina do texto devido a várias razões, como palavras de origem romana (latinismos) em expressões e vocabulário, como pontífice, censo, centurião, denarius, legião etc., ou a citação de uma moeda que circulou apenas em Roma e outros indicadores ainda mais surpreendentes, como vários erros geográficos no Evangelho de Marcos, o que indica que a pessoa que o escreveu desconhecia a região por onde caminhou Jesus. Para concluir, o Professor David Gain da Universidades de Rhodes, na África do Sul, que analisou a questão durante décadas, publicou na Internet em inglês um longo estudo provando com erros de tradução do latim para o grego que o Evangelho de Marcos em grego foi realmente traduzido do latim. Uma outra curiosidade é que a referência mais antiga a um texto de Marcos é do bispo e santo Papias, escrita por volta do ano 120. Mas como diz Bart Ehrman, em Quem Escreveu a Bíblia?, (título original Forged) publicado no Brasil (Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2013) "Nada indica que, quando Pápias se refere a Mateus e Marcos, esteja se referindo aos evangelhos que mais tarde foram chamados de Mateus e Marcos. Na verdade, tudo que ele diz sobre esses livros contradiz o que sabemos sobre (nossos) Mateus e Marcos". Enfim, isso sugere até mesmo que o Evangelho de Marcos que conhecemos hoje teria sido escrito depois do ano 120 e os originais de Marcos citados por Papias seriam outros. Sugeri ao leitor e sugiro a todos que leiam autores como Bart Ehrman, Professor Universitário de Novo Testamento da Universidade da Carolina do Norte, que possui ótimos livros traduzidos para a língua portuguesa. O Professor David Litwa também possui excelentes livros sobre o assunto na língua inglesa. O Professor David Litwa, por exemplo, assim como outros acadêmicos e a própria Enciclopédia Católica, afirma que os nomes dos autores Marcos, Mateus, Lucas e João são criações do século II adicionadas aos textos sacros, na p. 65 em How the Gospels Became History (Londres: Yale University Press, 2019). Isso significa que os quatro evangelhos não seriam considerados autênticos se passassem por uma crítica de autenticidade feita por qualquer historiador com essa informação básica.
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